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‘Senso de dono’: o intraempreendedorismo como estratégia de inovação

Você sabe dizer o que marcas como Post-it, Gmail e Sony PlayStation têm em comum? Todas elas foram idealizadas por funcionários de grandes empresas.  Essa mentalidade inovadora e criativa ficou conhecida como intraempreendedorismo. Intraempreendedor é o nome dado para definir o indivíduo que age com senso de dono, criando novos negócios ou empreendimentos dentro de […]

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Você sabe dizer o que marcas como Post-it, Gmail e Sony PlayStation têm em comum? Todas elas foram idealizadas por funcionários de grandes empresas.  Essa mentalidade inovadora e criativa ficou conhecida como intraempreendedorismo.

Intraempreendedor é o nome dado para definir o indivíduo que age com senso de dono, criando novos negócios ou empreendimentos dentro de uma empresa já estabelecida. Pessoas intraempreendedoras são naturalmente proativas e engajadas; trazem ideias e soluções inovadoras que podem acabar se tornando um novo produto, um novo departamento ou até mesmo uma nova empresa.

O surgimento do conceito

“Os intraempreendedores são sonhadores que fazem”, disse Gifford Pinchot III. A ele e à sua esposa Elizabeth Pinchot é creditada a criação do conceito de intraempreendedorismo, quando, em 1978, redigiram o artigo intitulado Intra-Empreendedorismo Corporativo.

Desde então, grandes empresas como Apple e Google têm aplicado programas que estimulam seus funcionários a pensarem “fora da caixa”, criando coisas nunca antes feitas.

Steve Jobs, em 1985, descreveu a abordagem da equipe Macintosh como intraempreendedora: os membros da equipe voltavam sua essência para uma empresa “de garagem”, com a diferença que trabalhavam para uma gigante da tecnologia. Essa mentalidade permitiu à Apple desenvolver produtos revolucionários, sem que os processos diários ou a burocracia corporativa prejudicassem o pensamento criativo.

Outro exemplo icônico é do Google. No início dos anos 2000, a empresa introduziu, de forma bem sucedida, o conceito “20% do tempo”. Em resumo, o programa estimulava os funcionários a reservarem um dia da semana afastados das suas atividades de trabalho. A regra era separar esses 20% do tempo para criar, inovar e voltar com ideias. Alguns dos produtos de sucesso resultantes desta metodologia são o Google Notícias (2002), o sistema de anúncios pagos AdSense (2003) e o Gmail (2004).

A importância do intraempreendedorismo

Imagine que sua empresa domina o mercado de locação de filmes, com uma ampla rede de locadoras espalhadas pelo mundo. As vendas vão de vento em popa e é difícil conceber que algo tão aceito possa perder terreno. Mas eis que surge uma nova e moderna empresa especializada na transmissão de vídeos e séries via internet.

Apesar de ser improvável que sua empresa perca participação de mercado, afinal seu produto está consolidado, você decide destacar seus melhores intraempreendedores para criar um pequeno setor dedicado em desenvolver novas soluções para consumo de conteúdo audiovisual. Se, por acaso, os ventos no mercado mudarem, você terá se antecipado e aquela pequena equipe de funcionários (e suas ideias) poderá se tornar seu grande trunfo. O exemplo que usamos teria sido a salvação da então gigante Blockbuster, engolida juntamente com todo o mercado de locação de filmes após a chegada da Netflix.

Em suma, mesmo ideias que pareçam fora do modelo de negócio vigente podem se tornar o novo core business de uma empresa quando nas mãos de intraempreendedores criativos e competentes.

Encorajando o intraempreendedorismo

Mas, o intraempreendedorismo é para qualquer tipo de empresa? Infelizmente a resposta é não. Enquanto uma startup é uma tela em branco, uma empresa já existente tem produtos, receitas, funcionários, estrutura organizacional e uma série de processos que podem criar uma certa rigidez e mentalidade inflexível.

Portanto, para fazer coisas novas não basta ter funcionários com senso de dono. É preciso ter uma cultura organizacional que dê suporte a esse senso e o encoraje por meio de programas consistentes e legítimos. Algumas empresas adotam abordagens inovadoras para incentivar o intraempreendedorismo, como por meio da realização de feiras no estilo universitário. Outras recorrem a estratégias mais convencionais, como com a criação de planos de negócio e programas de ideias.

Assim, é fundamental estruturar um ecossistema favorável ao intraempreendedorismo, dando aos funcionários a chance de implementar pesquisas de mercado, prototipar a ideia e realizar a gestão do orçamento destinado à área de inovação com autonomia. O controle sobre os custos e os lucros do projeto motivam e engajam a equipe intraempreendedora, que percebe a confiança que lhe foi depositada pela empresa.

Como pudemos ver, o intraempreendedorismo é importante porque permite que até mesmo as maiores empresas se mantenham inovadoras e ágeis. Além disso, é muito efetivo para fazer com que os funcionários se sintam valorizados e motivados pelo fato de realmente poderem fazer a diferença no futuro do negócio.

Para dar o primeiro passo rumo ao empreendedorismo interno, sugerimos a leitura da obra do próprio Gifford Pinchot III, intitulada Intra-Empreendedorismo na Prática – Um Guia de Inovação. E sempre que usar um iPhone ou redigir um e-mail na sua caixa Gmail, lembre-se: eles provavelmente não existiriam se não fossem as mentes intraempreendedoras.

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