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A evolução do papel do gestor financeiro na estratégia

Até pouco tempo atrás controle de custos, elaboração de demonstrações financeiras, análise de cenários econômicos, gestão de riscos e conformidade eram as principais atividades de um Diretor Financeiro de uma organização. Ele agia como o “guardião dos números” e tinha como principal papel garantir que as finanças da empresa estivessem sob controle. Contudo, nas últimas […]

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Até pouco tempo atrás controle de custos, elaboração de demonstrações financeiras, análise de cenários econômicos, gestão de riscos e conformidade eram as principais atividades de um Diretor Financeiro de uma organização. Ele agia como o “guardião dos números” e tinha como principal papel garantir que as finanças da empresa estivessem sob controle.

Contudo, nas últimas décadas o Diretor Financeiro, ou Chief Financial Officer (CFO), passou a assumir uma função mais ampla e estratégica, focando não somente no desempenho financeiro e contábil, mas também utilizando de suas habilidades analíticas para traduzir objetivos em planos de ação.

Dessa forma, o CFO passou a ser visto como um parceiro do Chief Executive Officer (CEO), aprofundando-se no conhecimento do mercado, dos produtos e serviços, contribuindo com uma perspectiva valiosa para definir os rumos estratégicos da organização.

CFO e as estratégias corporativas

Pesquisas recentes indicam que a maioria dos CFOs estão cada vez mais envolvidos na formulação de estratégias de negócios das organizações em que atuam.

Segundo um estudo global conduzido pela KPMG, descobriu-se que 82% dos CFOs estão substancialmente envolvidos no desenvolvimento da estratégia de negócios de suas empresas. Isso representa um aumento significativo em relação a pesquisas anteriores que indicavam que esse porcentual girava em torno de 50% a 60%.

Em outro estudo, realizado pela Deloitte, constatou-se que 78% dos CFOs estão sendo solicitados pelos CEOs e conselhos a dedicar mais tempo pensando estrategicamente sobre o futuro e a direção de longo prazo da empresa. Resumidamente, podemos dizer que cabe aos CFOs traduzir os dados financeiros em insights estratégicos.

Impulsionadores de crescimento

O conhecimento financeiro, a capacidade analítica e a visão estratégica dos CFOs são habilidade essenciais no processo de identificação de oportunidades de mercado e de expansão das organizações no seu segmento.

Aliado às suas habilidades, o fato de se aprofundar nos detalhes do negócio em que estão inseridos possibilita uma avaliação mais precisa dos riscos e das ações necessárias para mitigá-los. Nesse processo acaba ocorrendo a identificação de caminhos mais seguros a percorrer.

A seguir citamos alguns exemplos de CFOs que lideraram iniciativas de crescimento bem-sucedidas:

– Atualmente com mais de 200 milhões de assinantes, o Prime, serviço de assinatura premium da Amazon, foi lançado em 2005 com a participação do CFO Brian Olsavsky. Seu papel nesse processo foi fundamental, ajudando na avaliação da viabilidade financeira e na identificação de riscos. Hoje o Prime responde por boa parte das receitas da Amazon;

– Ruth Porat, CFO do Google de 2015 a 2019, esteve envolvida em episódios que contribuíram de forma significativa para o crescimento da gigante da web por meio de aquisições estratégicas como a do YouTube em 2006 e a DoubleClick em 2007. Ruth foi peça-chave na estruturação desses negócios;

– O CFO David Ebersman foi importantíssimo na organização do Facebook para sua abertura de capital, lidando com as regulamentações e particularidades dos diferentes países onde a empresa estava operando. Ele contribuiu de forma decisiva quando a empresa deu início às vendas de ações e na expansão internacional da rede social.

Liderança na transformação digital

Visando aumentar a sua eficiência e melhorar os insights para identificação de novas oportunidades, CFOs têm lançado mão de novas tecnologias.

Uma delas é a automação de processos robóticos, ou RPA, que consiste em utilizar ferramentas de automação para a execução de rotinas repetitivas. O departamento e a própria empresa agilizam seus processos com a execução automatizada de tarefas como preenchimento de formulários, extração de dados, backup de arquivos, aprovação de pagamentos etc.

Outras ferramentas que vêm ganhando cada vez mais espaço são a Inteligência Artificial (IA) e a chamada Machine Learning. A IA vem sendo utilizada para a criação de cenários econômico-financeiros. Auxiliada pela Machine Learning que possibilita a análise de um grande volume de dados, identificando padrões e auxiliando os CFOs nas tomadas de decisão.

Temos ainda os ERPs (Enterprise Resource Planning), que são sistemas de gestão que integram informações de diversos departamentos em um único bando de dados, facilitando a busca e tratamento das informações. Geralmente são armazenados em nuvem, possibilitando o seu acesso de diferentes locais.

Como podemos notar, a coleta, tratamento e análise de dados são, em suma, as tarefas que mais auxiliam os gestores. Por isso a importância de realizá-las com excelência, transformando os dados em informações relevantes. Isso ocorre através do uso de ferramentas de análise de dados, business intelligence e modelagem preditiva.

Gerenciamento de mudanças

As empresas estão em constante processo de transformação. Neste cenário, os CFOs passar a ter papel um papel importante no gerenciamento das mudanças organizacionais e culturais. Desta forma, agora assumem a liderança dos processos de transformação digital, da adoção de novas tecnologias e de modelos de negócios, além das análises e tomadas de decisão necessárias.

No entanto, uma empresa possui a sua cultural organizacional e é constituída de diversos setores que agem de formas distintas, o que dificulta bastante a gestão da mudança. É aí que entram habilidades comportamentais ainda mais específicas; as chamadas soft skills ajudam a trabalhar com a resiliência e flexibilidade necessárias diante da resistência natural às mudanças.

Um plano bem definido, com objetivos claros e transparentes, facilita a aceitação das mudanças. Ao compreenderem o propósito das alterações e como elas contribuem para o sucesso da empresa, os colaboradores tendem a se sentir mais engajados e motivados a colaborar. A comunicação eficaz, adaptada aos diferentes públicos, é fundamental para construir um ambiente de confiança e reduzir a resistência a novas iniciativas.

Olhando para o “lado de cima da pirâmide organizacional”, os CFOs também precisam ter habilidade para mostrar aos stakeholders que estas mudanças se fazem necessárias para o atingimento das metas. Influenciar e obter o apoio necessário dos diversos grupos (internos e externos) possibilita a construção de um consenso alinhado aos interesses de todos, atitude fundamental para o sucesso da transformação.

Desenvolvendo talentos

Como sabemos, toda história de sucesso não acontece por acaso. Nela estão envolvidos muitos detalhes e personagens. Existem técnicas e metodologias que podem ser utilizadas e copiadas, mas nesse contexto não podemos deixar de lado o fator humano.

No intuito de atingir seus objetivos de crescimento nos seus mercados, as empresas têm à frente seus CEOs, CFOs e outros “Chiefs” que lideram seus times. E nestes times estão os que no dia a dia colocam a mão na massa.

CFOs têm se mostrado cada vez mais engajados no desenvolvimento de seus times, investindo em treinamentos e preparando seus colaboradores para assumirem posições de liderança no futuro.

Rodízio de funções, treinamento sobre liderança, mentoria sobre pensamento estratégico, workshop sobre comunicação, e uma série de outras atividades estão cada vez mais em voga nas organizações, com o objetivo de encontrar novos talentos e formar futuros líderes.

Com o objetivo de desenvolver futuros líderes, muitos CFOs estão implementando programas formais de desenvolvimento, identificando talentos promissores na área financeira e oferecendo treinamento abrangente em habilidades de gestão e liderança.

Diante da transformação e do crescimento organizacional, esses novos talentos estarão preparados para assumir posições de liderança, alinhados com a cultura de inovação e focados em soluções que impulsionem o crescimento da receita.

Promovendo a sustentabilidade

O pensamento dos CFOs, assim como das organizações, deve estar voltado para a criação de negócios perenes, com objetivos de longo prazo. Para isso, a sustentabilidade do negócio deve ser considerada uma premissa apoiada em três pilares fundamentais: social, ambiental e de governança.

Ao adotar a sustentabilidade como prioridade estratégica, os CFOs devem alinhar seus esforços com os objetivos financeiros da organização, utilizando de práticas e indicadores que corroborem suas ações.

Entre outras atividades, podemos destacar:

– Definição de KPIs (indicadores) de sustentabilidade, integrando-os às métricas financeiras;

– Voltar os esforços financeiros a projetos mais sustentáveis do ponto de vista social e ambiental, gerando o menor impacto negativo nestes campos;

– Fazer uso de tecnologias inovadoras e de fontes de energia “limpa”;

– Avaliar riscos ESG e suas implicações financeiras, relatando o desempenho de suas escolhas para investidores e demais stakeholders;

– Promover entre funcionários uma cultura de sustentabilidade.

Incorporar a cultura de sustentabilidade no planejamento financeiro e nas operações de sua organização faz com que os CFOs auxiliem na redução de riscos, melhoria da eficiência, atração de novos investimentos e, consequentemente, criação de valor no longo prazo. Sua liderança nesse campo é fundamental para que as organizações transformem a sustentabilidade em uma vantagem competitiva.

Conclusão

cada vez mais amplo, indo além das responsabilidades financeiras e contábeis. Atualmente, espera-se de um CFO uma visão mais estratégica e transformadora, o que representa um grande desafio para os profissionais.

Fato é que para estar mais apto a essas novas exigências, será necessário sair de sua zona de conforto e ampliar seus conhecimentos através de treinamentos, mentorias, cursos, além do envolvimento com áreas diferentes das habituais, como marketing, psicologia e tecnologia.

De tradicional gestor financeiro, você poderá se transformar em um líder estratégico dentro da sua organização, onde sua visão ampla do negócio e suas habilidades analíticas serão cada vez mais valorizadas.

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